sexta-feira, 22 de maio de 2009

Meu sonho


Parei as águas do meu sonho

para teu rosto se mirar.

Mas só a sombra dos meus olhos ficou por cima,a procurar...

Os pássaros da madrugada não têm coragem de cantar,

vendo o meu sonho interminável e a esperança do meu olhar.

Procurei-te em vão pela terra,perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho

,por que insisto em te imaginar?

Quando vierem fechar meus olhos,

talvez não se deixem fechar.

Talvez pensem que o tempo volta

e que vens, se o tempo voltar.

Cecilia Meireles

quarta-feira, 20 de maio de 2009

*O Canto do Vento nos Ciprestes*

"Escrevo o teu nome e um pássaro levanta-se da terra
-sobre o seu voo contariam os teus olhos mil histórias
que eu escutaria com o mesmo silêncio
admirado com que na boca cai um beijo
ou a noite atira o amor para cima das camas.
Mas o lápis rola subitamente sobre a mesa
e pára a sepultar as palavras que nunca te direi
- porque o rio não regressa à cidade
que primeiro beijou,
nem o navio ruma jamais ao porto
que o viu largar."
Maria do Rosário Pedreira)

Canções

"Meus olhos andam sem sono,somente por ter avistarem de uma tão grande distância
De altos mastros ainda rondo tua lembrança nos ares.
O resto é sem importância.
Certamente, não há nada de ti,sobre este horizonte,desde que ficaste ausente.
Mas é isso o que me mata:
sentir que estás não sei onde, mas sempre na minha frente.
Não acrediteis em tudo que disser a minha boca sempre que te fale ou cante.
Quando não parece, é muito,
quanto é muito, é muito pouco, e depois nunca é bastante...
Foste o mundo sem ternura em cujas praias morreram meus desejos de ser tua.
A água salgada me escuta e mistura nas areias meu pranto e o pranto da lua.
Penso no que me dizias, e como falavas, e como te rias...
Tua voz mora no mar.
A mim não fizeste rir e nunca viste chorar.
(Porque o tempo sempre foi longo para me esqueceres e curto para te amar.
Cecilia Meireles